Dizem que saber criticar é uma arte. E se assim o entendermos teremos de admitir certamente que um dos maiores artistas da crítica em Português foi José Duarte Ramalho Ortigão.
Nascido no Porto no meio de uma família com algumas posses, sendo o seu pai um Tenente e director do Colégio da Lapa, Ramalho Ortigão partiu para Coimbra para estudar Direito.
Acaba por não concluir os estudos, e voltar ao seu Porto natal para leccionar Francês no Colégio onde o seu pai era director.
É aí que dá aulas, e se torna amigo, de Eça de Queirós, alguém que viria estar presente em toda a sua vida.
Primeiro ao escrever a duas mãos O Mistério da Estrada de Sintra. Mas a sua maior colaboração foi mesmo As Farpas. Um folhetim crítico sobre a realidade do país que ainda hoje é uma delícia de ler. Ambos já vivendo em Lisboa onde acabaria por passar grande parte da sua vida.
Sempre pronto para o confronto de ideias envolveu-se na Questão Coimbrã, além de ter estado em variados grupos relevantes para a época. Desde a Geração de 70, aos influentes Vencidos da Vida.
Ao longo de toda a carreira, muito ligada ao folhetim e ao que podemos chamar de jornalismo, sempre manteve uma crítica áspera mas realista sobre a sociedade Portuguesa.
Amigo de D. Carlos, e Monárquico convicto, auto exilou-se em Paris aquando da Revolução de 5 de Outubro de 1910. Voltaria a Portugal para mais uma ronda afiada das Farpas, e acabaria por falecer vítima de cancro a 27 de Setembro de 1915. [/read]