José Marmelo e Silva

José Marmelo e Silva é um autor Português mais ousado do que conhecido.Como tal “O Sexo de Maria Noémia” é um título que não esperaríamos ver nas prateleiras durante o regime ditatorial e conservador do Estado Novo Português.

Este foi o título que José Marmelo e Silva deu ao seu segundo livro, publicado em 1937. Que no entanto chegaria às prateleiras com o título “Sedução”. Ousado, tendo em conta o regime de Oliveira Salazar, mas mesmo assim mais apropriado.

Diz sobre Sedução, de José Marmelo e Silva, José Saramago em 1960:

Ainda hoje,não obstante todos os anos decorridos, Sedução continua a ser um livro de combate, um livro indisciplinador. Não pela escabrosidade do tema – aliás tratado com a delicadeza e uma finura inexcedíveis, quando tão fácil (e tão comercial…) era ceder à tentação do obsceno -, mas pelo carácter insólito da análise, que progride por pequenas deslocações laterais; por iluminação de planos sucessivos, e não, como é corrente, por um mergulho vertical, pela sobrecarga de minúcias psicológicas que,habitualmente,fazem da personagem literária um monstro, inviável fora das páginas do livro. E o estilo? O maior bem que dele se pode dizer é que outro não serviria melhor o autor. Ao mesmo tempo usual e castigada, a sua linguagem parece ter sido decantada de maneira algo bizarra: aceitando muito do que se exclui, excluindo muito do que aceita, o resultado final é um estilo que não tem similar em Portugal

Vida e Obra de José Marmelo

José Marmelo e Silva conseguiu publicar sobre a sexualidade, com especial enfoque na adolescência, usando um extremo bom gosto e sofisticação de escrita. Evitando por completo o resvalo para o obsceno enquanto mantinha os níveis de sensualidade altos.

Foram sete os livros que escreveu durante o Estado Novo (O Homem que Abjurou a Sociedade – Crónicas do Amor e do Tempo, 1932); Sedução, 1937; Depoimento, 1939; O Sonho e a Aventura, 1943; Adolescente, 1948; Anquilose, 1971; O Ser e o Ter, 1973). Aos quais juntou Desnudez Uivante em 1983 já num regime que seria muito mais permissivo à sua literatura.

Nascido a 7 de Maio de 1911 em Paul, Covilhã, viria a dedicar grande parte da sua vida, 47 anos, ao ensino, leccionando na Escola Secundária em Espinho. Localidade onde passou grande parte da sua vida, e onde tem uma biblioteca em seu nome inaugurada em 2001. Foi também nesta localidade que viria a falecer a 11 de Outubro de 1991.

Colaborou também regularmente no Jornal O Diabo.

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