A primeira votação de uma mulher em Portugal

A primeira República Portuguesa trouxe mudanças em quem detinha o poder, mas na realidade poucas mudanças sobre os processos eleitorais. Mas ao serem reescritas as leis eleitorais a forma com que foi escrito quem poderia votar trouxe a algumas mulheres a esperança de poder exercer o direito de voto.
Na lei eleitora, vigente em 1911, dizia o seguinte sobre quem poderia votar:
Todos os portugueses maiores de vinte e um anos, à data de 1 de maio do ano corrente [1911], residentes em território nacional, compreendidos em qualquer das seguintes categorias:
1.º Os que souberem ler e escrever;
2.º Os que forem chefes de família;
Carolina Beatriz Ângelo sabia ler e escrever, sendo médica de profissão, e a primeira mulher portuguesa a efectuar uma cirurgia, era uma pessoa culta e moderna. E, em virtude da morte em 1910 de seu marido, e pai da sua filha, era também uma chefe de família.
Com isto em mente tentou efectuar o seu registo eleitoral, o caso chegou aos tribunais onde o Juiz João Baptista de Castro aceitou como válidos os argumentos de Carolina Beatriz Ângelo e esta recenseou-se.
A 28 de Maio de 1911 fazia-se história em Portugal, e Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher a votar. Isto numa Europa onde apenas na Finlândia era permitido o direito de voto às mulheres. A história não foi simpática, no entanto, e nas eleições seguintes a lei já tinha sido alterada para expressar claramente que só poderiam votar homens. Mas também infelizmente nessa data já Carolina Beatriz Ângelo tinha falecido, com apenas 33 anos, a 3 de Outubro de 1911.
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