José Carlos Ary dos Santos

José Carlos Ary dos Santos é provavelmente o maior nome entre os poetas de canções em Portugal. Nascido no meio da aristocracia, foi desde muito cedo um subversivo, especialmente no meio do Estado Novo.

Sai de casa do pai aos dezasseis anos, após já estar publicado na Antologia do Prémio Almeida Garret. Ganhando a vida por entre vários trabalhos, desde vendedor a publicitário, tornou-se um boémio conhecido de tertúlias e cafés.

A sua veia política acentuou-se em 1969 ao aderir ao Partido Comunista Portugês, na altura na clandestinidade. O seu nome familiar, no entanto, protegeu-o em alguma parte do regime, recém-aberto com a ligeira Primavera Marcelista.

A fama chega nesse mesmo ano quando compõe a poderosa Desfolhada Portuguesa, com que Simone de Oliveira arrebata o festival da canção. Feito que viria a fazer mais três vezes, com Tonicha, Fernando Tordo e com o grupo Os Amigos.

Poeta genial fez poemas musicados marcantes com Fernando Tordo, o seu maior companheiro musical, mas também Amália Rodrigues, Paulo de Carvalho, Carlos do Carmo e muitos outros.

Também declamador genial deu aso a expandir ainda mais esse talento em comícios no pós-25 de Abril onde a sua voz poderosa e argumentos acutilantes o tornaram ainda mais imortal.

Ary dos Santos viveu toda a vida em excesso, de tudo aquilo que gostava, e o álcool era parte integrante disso, e acabou por lhe ser fatal via uma cirrose a 18 de Janeiro de 1984, com apenas 46 anos.

As quatro vencedoras do Festival da Canção

1969 – Desfolhada Portuguesa – Simone de Oliveira
1971 – Menina do Alto da Serra – Tonicha
1973 – Tourada – Fernando Tordo
1977 – Portugal no Coração – Os amigos