

José Campos de Figueiredo
José Campos de Figueiredo foi um poeta, jornalista, dramaturgo e ensaísta Conimbricense que também assinou sob o pseudónimo de Paulo Prates. A sua notoriedade na primeira metade do século XX levaram mesmo a que conquistasse um prémio Antero de Quental.Citações
Trazia ouro aos Pobres… dava estrelas,
que no jardim azul do céu colhera,
mas, quando El-Rei Dinis desejou vê-las,
floriu, no seu regaço, a primavera.
− «Vede, são rosas brancas, fui colhê-las
para os gafos, Senhor! Julgáveis que era
dinheiro em vez de flores? A Deus prouvera
que em oiro e pão pudesse convertê-las!»
Repete-se o milagre, eternamente:
caem do céu, às horas do poente,
rosas de oiro, vermelhas, a sangrar…
E, à noite, é Ela sempre que, na treva,
sobre a linda Cidade medieva,
desfolha rosas brancas, ao luar!
José Campos de Figueiredo
Dramaturgo, Ensaísta, Poeta, Vencedor do Prémio CamõesLá fora, a noite escura… o vento aos ais,
A soluçar e a rir – doido soturno,
É um violinista trágico e nocturno
Wagnerizando a voz dos temporais!
Lá fora, a chuva fria das procelas…
E cá dentro, ao calor da nossa casa,
O nosso coração a arder em brasa
E o silêncio divino das estrelas
Tu embalas ao colo a nossa Filha…
A luz, a arder, que em nossos rostos brilha,
Dá-lhes um tom rosado de manhã…
E com a estranha e misteriosa tinta,
Com que Deus ao Sol-Posto as coisas pinta;
Nós formamos um quadro de Rembrandt!