Armandinho

Armandinho, do seu nome de baptismo Armando Augusto Salgado Freire, foi um dos mais marcantes homens do fado do início do século XX.

Armando Freire fez muita coisa na vida. Desde meio-oficial de sapateiro, a fiscal do Mercado da Ribeira, passando por moço de bordo ou operário da Companhia Nacional de Fósforos.

Mas apesar de ter feito muita coisa na vida, há algo que ele foi realmente, e desde muito jovem: Músico.

Desde o começo muito jovem, aprendendo bandolim com o pai, até à descoberta do seu grande amor, a Guitarra Portuguesa, aos dez anos de idade, a musica sempre foi o foco da sua vida.

Em 1905, e tendo apenas 14 anos, já se apresentava ao público na Madragoa no Teatro das Trinas. Mas o grande ano da sua mudança é em 1914, quando conhece um dos maiores nomes da sua geração, Luís Petrolino, e segue como seu aprendiz.

A pouco e pouco começa a ser dos mais conceituados guitarristas da praça em Lisboa, acompanhando os melhores artistas do Fado nas melhores casas, e sendo mesmo dos pioneiros do fado gravado em Portugal.

Compositor dotado compõe imensos fados que ainda hoje são dos mais usados por fadistas de todas as gerações.

Ouvir este álbum tocado por ele ainda na primeira metade do Século XX é uma experiência poderosa e onde podemos ver uma personalidade tão marcante como, por exemplo, um Carlos Paredes, mas infelizmente esquecido ao contrário do seu sucessor génio da guitarra.

Foi também dos primeiros músicos portugueses a sair de Portugal continental, fazendo turnés tanto pelo estrangeiro, como pelas antigas colónias.


Constituímos um pequeno grupo, que foi muito bem acolhido: Ercília Costa, João da Mata, Martinho de Assunção e eu. Mais tarde, animados pelo êxito deste primeiro voo, organizámos uma «tournée» à África (…). Percorremos as Costas Ocidental e Oriental. (…). A terceira «tournée» em que entrei, porventura a mais importante, já pelo número de artistas, já pelo reportório, foi ao Brasil, Argentina e Uruguai. Era a Embaixada do Fado, embaixada luzidia em que figuravam, além da minha humilde pessoa, Maria do Carmo, Maria do Carmo Torres, Lina Duval, Branca Saldanha, José dos Santos Moreira, Alberto Reis, Felipe Pinto, Joaquim Pimentel e Eugénio Salvador.

— Armandinho em 1936 à publicação Azes do Fado


Viria também a ser dos membros iniciais da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, mais tarde Sociedade Portuguesa de Autores, através da qual procedeu ao registo e recolha de Fados, tanto letras como músicas, permitindo que muitas delas chegassem até nós.

Um dos nomes incontornáveis do Fado em particular, e da Música Portuguesa no geral.