Quando se fala de Heróis da Independência Portuguesa normalmente não se pensa em Nobres Espanhóis da mais elevada estirpe. Mas na verdade uma das grandes heroínas da nossa independência é uma Espanhola, filha da mais importante casa nobre Espanhola do seu tempo a de Medina-Sidónia. D. Luísa de Gusmão e Sandoval, Duquesa de Bragança, Rainha de Portugal e Regente do Reino.
O Casamento Político com D. João de Bragança
D. Filipe II de Espanha tornou-se Rei de Portugal, assumindo o nome de Filipe I, nas Cortes de Tomar em 1581. Acabava a Independência de Portugal, mas acabou por ser um facto bem aceite por grande parte da nobreza, visto ser prometido que as cortes Portuguesa e Espanhola continuariam autónomas e independentes.
Na realidade durante grande parte do Reinado de D. Filipe I e do seu filho, D. Filipe II de Portugal, isso foi mais ou menos mantido.
No entanto no mandato de D. Filipe III isso começou um pouco a mudar. E a ideia de fundir por completo os dois países foi colocada em prática.
Muito desse plano passava por conseguir que as casas nobres Portuguesas e Espanholas se fossem misturando pela via matrimonial.
Entre esses casamentos um dos mais relevantes foi sem dúvida o de D. João de Bragança com D. Luísa de Gusmão. D. Luísa era filha do poderoso Duque de Medina-Sidónia, a mais importante casa Castelhana época.
Já D. João de Bragança era um descendente directo de D. Manuel I, e a sua avó paterna, D. Catarina de Bragança, tinha sido a mais legítima sucessora do trono Português aquando da subida ao mesmo de Filipe II de Espanha. No entanto por falta de apoio, da nobreza e até militares, na altura D. Catarina não tentou valer os seus direitos.
Como tal casar o melhor pretendente Português ao trono com a filha da casa mais poderosa de Espanha parecia o plano perfeito para a Unificação.
Antes rainha por um dia que duquesa a vida toda!
Esta frase é normalmente atribuída a D. Luísa, no entanto erradamente. Parece ter sido uma alteração propositada, e propagandista, para tornar a frase mais pessoal e menos patriótica.
Segundo o Conde da Ericeira, presente na altura dos factos, a frase de D. Luísa teria sido: “Mais acertado de morrer reinando do que acabar servindo.”. E teria sido com ela que manifestou fortemente o apoio a D. João de Bragança quando vários nobres o tentavam convencer a avançar para a independência.
A Rainha em Lisboa permitindo ao Rei estar na Guerra
A importância da Rainha D. Luísa, no entanto não cessou aquando da declaração da Independência. Muito pelo contrário, esta até aumentou.
D. João IV tinha uma confiança nas capacidades da esposa enorme. E deixou-a por inúmeras no comando da capital, a gerir os assuntos de estado, enquanto partia para o comando da Guerra no terreno.
Guerra essa que D. João IV não viria a terminar, falecendo em 1656.
A Rainha-Mãe Regente
A morte de D. João IV trouxe um problema sucessório grave. O seu primogénito, em quem se depositavam muitas esperanças, faleceu três anos antes do pai com apenas 19 anos.
A seguir na linha de sucessão estava D. Afonso, que à morte do pai tinha apenas 13 anos. Além de ser fisicamente débil e mentalmente incapaz.
D. João IV deixa em testamento a regência do Reino à sua esposa, coisa que D. Luísa de Gusmão faz com brilhantismo, durante mais de cinco anos até 22 de Junho de 1662.
Neste período conseguiram-se importantes vitórias militares frente a Espanha, sendo a maior delas a Batalha das Linhas de Elvas. E mais importante ainda se reforçaram os acordos com as potências estrangeiras.
Entre elas firmou um novo tratado com Inglaterra que estendia a protecção e apoio mutuo. E incluído nesse acordo também acontece uma união matrimonial ao mais alto nível. D. Catarina de Bragança, filha de D. Luísa e D. João IV, casar-se-ia com D. Carlos II, Rei de Inglaterra.
Os últimos anos
Alguns nobres foram-se aproximando de D. Afonso VI e vendo na sua situação, mental e física, oportunidade de ganharem poder e influência, conseguiram que este ditasse o fim da Regência de D. Luísa de Gusmão.
O motivo invocado seria que estava a ser preparado por D. Luísa um golpe para colocar no poder o seu filho mais novo, e irmão de D. Afonso VI, D. Pedro. Algo que este viria a acabar por fazer mesmo, primeiro assumindo a regência do incapaz irmão, e depois ascendendo ao trono após a morte deste. Mas ao que se sabe sem a influência de D. Luísa.
D. Luísa de Gusmão acabaria por se retirar da vida pública para a clausura do Convento dos Agostinhos Descalços. Viria a falecer em 1666, e é sem dúvida uma das mulheres mais fortes e importantes na história de Portugal.
Bolas… Agora quero ler Uma biografia de 500, e Tal paginas sobre ela ( e sobre o rei tambem, Grande homem ).
Por acaso não sabe de nenhuma ?
Boa tarde,
Existe esta, não sei se se enquadra com o que procura, mas parece um bom livro:
https://www.wook.pt/livro/d-luisa-de-gusmao-1613-1666-ricardo-fernando-pinto/14448214