O que a minha avó dizia
Ninguém queria acreditar
As estradas «poriam-se» de luto
E o mundo se devia enliar.

As aldeias presas às vilas
E as vilas às cidades
Agora é que eu estou a ver
Que ela dizia verdades.

Eu ainda era miúdo
Mas lembro-me de ela contar
Os homens haviam de querer ir p’rá guerra
Como o gado a pastar.

Tudo isto que ela me contava
Erro eu não acho nenhum
Que p’rá era dos dois cincos
De um cento escapava um.

Tinha nove p’ra dez anos
Lembro-me de ela contar
E olhando para seus netos
Começa logo a chorar:
– P’rá era de mil nove e oitenta
Feliz é quem não lá chegar.

Mas hoje é que eu compreendo
O que ela queria dizer
Que haviam de ficar dois homens
E não se poderem entender.

Mas hoje é que eu compreendo
E vejo que tinha razão
Esses dois homens que ficam
É um chefe em cada nação.

Isto é um pequeno resumo
Que eu mais não sei explicar
Mas o que dizia a pobre velha
É o que se está a aproximar.
Neste poema, datado da década de oitenta, fala de algo que a sua avó dizia e que a coloca junto da situação de Guerra Fria que se vivia na altura considerando-a profética.

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