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Criar uma literatura infantil é criar o amor pela leitura, é despertar na criança a curiosidade — tão embotada nas crianças portuguesas — pelas coisas intelectuais e dar-lhe da vida uma nobre e alta noção.
A literatura para os grandes apossa-se de todos os assuntos e de todos pode fazer obras de valor, conforme o talento dos autores. O mesmo acontece, e deve acontecer, com a literatura infantil, que tem de ser vasta e variada…
Ana de Castro Osório
Escritor, Jornalista, PolíticoMeu pai e senhor: – O único pesar que tenho é ter saído do Palácio de Vossa Magestade sem sua licença; mas esta não teria eu alcançado da prudencia de Vossa Magestade, e não podendo ver por mais tempo o abatimento do throno contra a vontade de todo o reino, tomei um partido que Vossa Magestade como rei não póde desapprovar.
Nós devêmos conservar illesa a magestade real; é um deposito que nos é confiado. Só pretendo servir a Vossa Magestade, como rei e como pai, e libertar a nação; espero que o ceu nos ajudará, e que Vossa Magestade me deitará a sua bênção como pai, ainda que como rei o obriguem a actos exteriores contra o seu real coração.
Beijo a mão de Vossa Magestade, filho o mais obrigado – Miguel
Carta de D. Miguel a seu pai, o Rei D. João VI, durante a Vilafrancada, revolta que acabou por encabeçar.
D. Miguel I
Rei de PortugalMorra a Constituição e todos os seus sectários.
Palavras proferidas pelo Marquês de Chaves empunhando um estandarte aquando da Vilafrancada.
Manuel da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira
Militar, Nobre de Portugal, PolíticoEm consequencia dos acontecimentos que Me obrigaram a sair de Portugal e abandonar temporariamente o exercicio do Meu poder; a honra da Minha Pessoa, o interesse dos meus Vassallos e finalmente todos os motivos de justiça e de decoro exigem que Eu proteste, como por este faço, à face da Europa, a respeito dos sobreditos acontecimentos e contra quaesquer innovações que o governo que ora existe em Lisboa possa ter introduzido, ou para o futuro procurar introduzir contrarias às Leis fundamentaes do Reino.
D’esta exposição pode-se concluir que o Meu assentimento a todas as condições que Me foram impostas pelas forças preponderantes, confiadas nos generaes dos dois governos de presente existentes em Madrid e Lisboa, de accordo com duas grandes Potencias, foi da Minha parte um mero acto provisorio, com as vistas de salvar os Meus Vassallos de Portugal das desgraças que a justa resistencia que poderia ter feito, lhes não teria poupado, havendo sido surprehendido por um inesperado e indesculpavel ataque de uma Potencia amiga e alliada.
Por todos estes motivos tinha Eu firmemente resolvido, apenas tivesse liberdade de o praticar, como cumpria à Minha honra e dever, fazer constar a todas as Potencias da Europa a injustiça da aggressão contra Meus direitos e contra a Minha Pessoa; e protestar e declarar, como por este protesto e declaro, agora que me acho livre de coação, contra a capitulação de 26 de maio passado, que Me foi imposta pelo governo ora existente em Lisboa; auto que fui obrigado a assignar, a fim de evitar maiores desgraças e poupar o sangue de Meus Fieis Vassallos. Em consequencia do que deve considerar se a dita capitulação como nulla e de nenhum valor.
Depois de finalizada a Guerra Civil Portuguesa com a Convenção de Évora Monte a 26 de Maio de 1834 D. Miguel é exilado.
Ao chegar a Génova no entanto escreve esta declaração, a 20 de Junho de 1834, onde diz que apenas assinou a Convenção de Évora Monte coagido, e para evitar mais derramamento de sangue.
D. Miguel I
Rei de PortugalFaço os mais sinceros votos de que esta conferência resolva os problemas de forma equitativa e justa, com dignidade e honra para as partes interessadas, e com eficácia: segurança e felicidade para o Povo Angolano.
Termino desejando a todos os presentes que os vossos trabalhos, sejam um ponto brilhante na história da Humanidade e que História registe dois povos irmãos que se separaram politicamente em condições de mais se ligarem, fraternamente.
Discurso do Francisco da Costa Gomes, à data Presidente da República portuguesa, na abertura dos trabalhos que levaram ao Acordo do Alvor, entre o Portugal e os movimentos que lutavam pela Independência de Angola
Francisco da Costa Gomes
Marechal de Portugal, Militar, Político, Presidente da República PortuguesaA política longe de me oferecer encantos ou compensações converteu-se para mim, talvez por exagerada sensibilidade minha, num sacrifício inglório. Dia a dia, vejo desfolhar, de uma imaginária jarra de cristal, as minhas ilusões políticas. Sinto uma necessidade, porventura fisiológica, de voltar às minhas preferências, às minhas cadeiras e aos meus livros
Manuel Teixeira Gomes aquando da sua resignação ao cargo de Presidente da República.
Manuel Teixeira Gomes
Escritor, Político, Presidente da República PortuguesaNão se encontra em ponto algum do país um único homem, ou seja católico ou protestante, monárquico ou republicano, padre ou secular, bacharel ou sacristão, ou faça parte da nobreza ou pertença à plebe, que perante a lei não seja responsável.
Donde se conclui que El-Rei D. Carlos de Bragança não é um homem! […] Donde se conclui que El-Rei D. Carlos de Bragança é um animal! […]
Entendo, pois, que o melhor será, quando os canhões começarem aos urros e quando o sangue principiar a correr, metê-lo numa das gaiolas centrais do Jardim Zoológico, fazer-lhe aí uma cama de palha e deixá-lo ficar muito tranquilo e muito descansado
Artigo publicado em 1890 em resposta ao Ultimatum Inglês ao qual cedeu D. Carlos.
Este artigo valeu-lhe uma pena de três meses na prisão, após ter sido defendido por Manuel de Arriaga.