Os anos 80 em Portugal foram claramente uma época de aprendizagem da própria sociedade.
O retorno em massa de população das antigas colónias, somado aos primeiros anos da liberdade de expressão, faziam que os limites fossem de repente quase nulos.
Com isto muitas coisas que era ditas, cantadas, escritas e até publicadas na altura se fossem publicadas hoje, neste mundo de escândalo fácil das redes sociais e do ultra-moralismo, passassem a ser completamente impossíveis.
Este fim de semana ao rever alguns livros infantis em casa dos meus pais foi-me mostrado este “Branca de Neve e Negra de Carvão” de Fernando Cardoso.

Bastaria este título para ser completamente impossível fazer algo deste género ser publicado hoje em dia.
E quando abrimos o mesmo e começamos a ler, dá para imaginar os escândalos promovidos nas redes sociais caso fosse publicado.

Na realidade o livro não é racista, nem nada que se pareça, por muito que seja paternalista. É na realidade uma história em que uma criança confronta o racismo da sua mãe, e que tudo faz para lhe mostrar que todos somos iguais. Mas escrito e ilustrado à maneira dos anos 80. Algo que hoje em dia seria impossível.